À flor da pele

Naquela tarde, descobri que era irrefutável resistir a você, que render-me era a única solução, pois a cada instante sem você, era um instante de futilidade e inutilidade. Um vulcão em erupção se torna um mero detalhe perto da imensidão do amor que lhe tenho.
Nas noites de inverno, apenas nossos corpos entrelaçados me acalentava, de forma suprema e devassa, mas esplendorosa e deliciosa, acariciáva-me como se fosse a última noite; mera coincidência ou um adeus? Não sei, caso tenha sido uma despedida, será a única que me lembrarei com enorme prazer. Sinistro, parece que a gente se deu ao desfrute de nada. Embora tenha sido a melhor experiência de despedida que tive, foi a pior perda que tive na minha vida, lhe quero de volta, me redimo, serei sua, apenas sua. Me dê uma noite, nos perderemos em nossas dimensões de amores, cores e odores; traga pra cá tudo que possa me dar, deixe nosso amor mudo nos fazer falar.

Morrer não dói

Muitos tem medo da morte, e acham-a cruel, mas são apenas almas alienadas e equivocadas, pois eu digo: Morrer não dói.
Mas de fato o que dói é viver. Viver dói, viver corrói, viver destrói, viver é apenas uma vaga ideia de uma possível felicidade que de fato não existe, onde titulam que o amor tem que ser obrigatoriamente recíproco, e só é triste quem quer, ideias inválidas e hipócritas, pois eu vejo, a pureza não existe, muito menos a felicidade, elas são apenas mascaradas.

O precipício

Ando cansada da submissão, parece que você está tão longe de mim e o caos é uma teia sem fim. Me parece inútil as questões filosóficas se a morte é a única certeza, mas a fraqueza e o medo falam mais alto. Mas será que não vale mais a pena dizer te amo? Quem sabe? Talvez nossos destinos já estejam traçados como forma de sentença, e o viver esteja em decadência, onde a sobrevivência seja a única saída, uma sobrevivência medíocre e mórbida, mais dolorosa e perigosa que a própria morte, mas se for para ser assim, não hesitarei. Eu não consigo esconder, muito menos representar, o meu chão é você, mergulhei no desconhecido, me rendi totalmente, e nesse mergulho fui fechando os olhos sem sentir que estava caindo num precipício aterrador, e só pude sentir de forma demasiada, a dor, a única e certeira sensação que pude ter naquele momento. Talvez a estrada sem você seja mais insegura e escura, mas encontrei a cura. A estrada é turva mas sigo nela sem olhar pra trás.

Abstinência de você

Por um momento pensei em nós, que poderíamos estar novamente a sós, me dizem que sou uma mulher muito romântica alá moda grega, eu digo apenas que quero amar, talvez de forma excessivamente platônica, mas creio que nesse meu mundo utópico sou feliz ou até mesmo nem haja felicidade, talvez ela seja fugaz, mas o que importa é que ela me traz paz.
Confesso acordei achando tudo indiferente, me vejo nesse mundo cada dia igual, mas talvez essa angústia também seja banal, nem essa triste rotina me faz sentir mal. Minhas memórias frequentes me fazem lembrar o quanto eu era feliz, aqueles momentos, os nossos momentos ...
E de repente tudo isso vai se tornado irreal, minha paz de esvaiu e se transformou em pó, mas então, porque um dia me disseste: "tu és eternamente responsável por aquilo que cativas", se desde então nunca tornou-se responsável por mim, e assim nosso destino foi traçado e inevitavelmente fui aniquilado.