Nostalgia


Veracidade não se dissolve com o tempo,
Soube que na cidade o tempo é um resquício de momento
Quis enxergar o por quê o sentido me escorrega entre os dedos
Nesse mundo, onde um rio de águas passadas são apenas mágoas

Já dizia Sr Heráclito, tudo muda não?
Não! Minh´alma retardada, congelada ficou na claridade, naquela época sem feridas, em que me chamavam de Maria ...

Fiz dos meu sonhos, doces, pra me acalentar dos dias de horrores
Sois pequena, com a singeleza da puerícia, senti só o cheiro das flores
Amadurecer, se fazer sentinela, só corrói
Quero cravo e canela, bixo de pé, me jogar no cipó

Já que dê reticências se faz esta vida, deixa-me ser menina
De saia rodada e, nada prendada, dançarina desastrada
Sem estética renomada,
Quisá apenas uma mulher encantada, na nostalgia de uma noite enluarada!




Homofobia nossa de cada dia ...


 Beijo gay em horário eleitoral causa polêmica em Santa Catarina

 O editor do "Jornal da Cidade", João Francisco da Silva, atacou duramente a iniciativa, usando sua coluna no periódico para expressar sua opinião sobre o episódio:

"Nojento aquele beijo gay exibido no programa eleitoral do Leonel Camasão, do PSOL. Tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o nariz à mesa. Gostaria de saber qual a necessidade de exibir suas preferências sexuais em público? Para mim isso é tara, psicopatia. No mínimo falta de decoro. E a "figura" quer ser prefeito e se diz jornalista", escreveu o editor.
Procurado pelo Vírgula Lifestyle, o candidato, que tem 26 anos e concorre pelo Psol, declarou que a ideia do beijo era marcar posição contra o preconceito e sair em defesa dos direitos da comunidade LGBT, além de promover o debate sobre o assunto. O mesmo vídeo já havia sido utilizado na campanha do partido em 2010. Após a publicação no jornal, Leonel Camasão entrou com um pedido à Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério Público de Santa Catarina para obter um direito de resposta. Segundo Camasão, os comentários são agressivos e vão contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) e o partido.

Leonel nos passou com exclusividade o comunicado oficial do Psol, que será publicado no "Jornal da Cidade" em seu direito de resposta:

O candidato Leonel Camasão lamenta a postura do Jornal da Cidade e do colunista João Francisco, ao publicarem grave ofensa na edição de 31 de agosto. De maneira leviana, João Francisco ataca não só a campanha e a figura de Leonel, mas também, a toda população LGBT de nossa cidade. O ataque gratuito é uma grave ofensa aos direitos humanos e ao Código de Ética dos Jornalistas. Repudiamos tal atitude. Ao contrário do insinuado, Leonel se formou em jornalismo em 2008, na segunda melhor escola de jornalismo do Sul do Brasil à época. Tomaremos todas as medidas legais para coibir essa nefasta e preconceituosa prática deste jornal.

Por telefone, João Francisco da Silva defendeu seu ponto de vista: “Não sou homofóbico, dois dos meus colunistas, que são meus amigos, são gays assumidos. Acho que os gays têm o direito de beijar como qualquer casal hétero, mas não quero que façam isso na minha sala. Um cara que é candidato, que deveria estar discutindo questões de importância para Joinville e para os cidadãos, fere meus valores, meus princípios, meu senso estético com esse tipo de propaganda. Isso foi usado como uma forma de agressão. Quem faz isso não está propondo que se discuta a questão do homossexualismo, nem o direito das minorias. Isso apenas me agride, agride a sociedade e até as pessoas que não têm nada contras os gays, mas que não querem um sujeito ‘cagando’ de porta aberta, nem assoando um nariz na toalha da mesa ou mesmo um casal hétero fazendo sexo no meio da sala quando bem entender. A própria Rede Globo está a três anos discutindo se exibe ou não um beijo gay na novela e até agora nada, pois sentem que a maioria da sociedade brasileira é contra”, disse em entrevista ao Vírgula Lifestyle.

Questionado se é a favor do casamento gay, o jornalista respondeu: “A legislação permite que eles se casem, eu não sou gay então não tenho que ser contra nem a favor. Aqui em Joinville temos um hábito de comer caranguejos, minha irmã de São Paulo veio pra cá e ficou com nojo. É um direito dela, eu gosto de caranguejo, ela não. Ela não tem que se adequar ao meu gosto”. Mas ela comeu para experimentar? “Sim, ela acabou experimentando e gostou”, disse o jornalista que não se considera um conservador.

João Francisco é avô de uma criança de dois anos e diante da possibilidade de que um dia o neto se revele homossexual, o jornalista declarou: “Tenho certeza de que ficaria muito infeliz, vai ser uma tristeza, mas eu o amo, não vou deixar de amar meu neto jamais, ele é meu sangue”, disse.
Reportagem retirada de Vírgula Lifestyle



E mais uma vez vem à tona a homofobia nossa de cada dia ...




Será que de fato estamos num retrocesso de valores? Ou realmente num avanço culturológico? Onde se põe o humano acima das questões religiosas ou até mesmo nas questões genéticas e seus processos evolutivos. Ponderando alguns aspectos da sociedade em geral; já que estamos numa nova geração e o significado desta palavra nada mais é do que uma nova descendência, com ciclo de mutações, sejam elas genéticas, culturais, sociais, e/ou sexuais.
Entretanto, ainda há muitas divergências que implicam no preconceito, por resquícios, talvez medievais, que consequenciam uma homofobia institucionalizada, ou seja, patrocinada por grande parte das igrejas e até mesmo o próprio Estado. Por mais moderno que o tema em foco - Homossexualidade pareça ser, ele sempre existiu, mas de forma natural em alguns países, principalmente na Antiguidade, período que na verdade nem havia um conceito para tal palavra; Aliás, a cerca de 10 mil anos atrás em algumas tribos, a homossexualidade era exercida como forma de ritual; algumas dessas tribos localizadas nas ilhas de Nova Guiné, Fenji e Salomão.
Ainda há muitas perguntas a serem discutidas e respondidas. Por exemplo, a criminalização da homofobia no Brasil; alguns divergem desta ideia, alegando que problemas sociais e ideológicos não se misturam com questões judiciais ou penais; acreditando que direitos penais e direitos humanos são como água e óleo. No entanto, esta mesma ideologia pode incorrer em consequências gravíssimas, sejam elas morais, físicas ou psicológicas. Então definitivamente, é de extrema importância termos uma jurisprudência eficaz que assegure os direitos LGBT.
Contudo, é perceptível que “achismos” preconceituosos não devem ser confundidos com liberdade de expressão, principalmente quando se refere a tão falada ética no jornalismo; por mais estranheza que aparente à alguns, há de se respeitar esta diferença se quisermos de fato vivermos numa coesão social, mesmo que ampliada e/ou modificada o conceito desta.


Maria Carolina F. Dutra