Canhões ocultos


            Um dia após o outro,
a vitória após a derrota
batalhas de calhordas ...
entre feridas e arranhões,
feitas por todos os tipos de canhões

As vidas estão mortas
A honestidade está torta
Mera distração?
Mera diversão?

Decepção!
Regurgitam contradição
Me pego em plena subversão
Na feliz sociedade da alucinação!

Sobrevida


Ideologia, quem dera viver somenta dela!
Me basta ser aspirante de um noite bela
Num mundo que só se faz ficar de sentinela!

A esperança de amanhã ser outro dia
Fez-me crer em doses escassas de felicidade
Sorrir ao ver o dia raiar e desabar-me ao luar!

Nostalgia


Veracidade não se dissolve com o tempo,
Soube que na cidade o tempo é um resquício de momento
Quis enxergar o por quê o sentido me escorrega entre os dedos
Nesse mundo, onde um rio de águas passadas são apenas mágoas

Já dizia Sr Heráclito, tudo muda não?
Não! Minh´alma retardada, congelada ficou na claridade, naquela época sem feridas, em que me chamavam de Maria ...

Fiz dos meu sonhos, doces, pra me acalentar dos dias de horrores
Sois pequena, com a singeleza da puerícia, senti só o cheiro das flores
Amadurecer, se fazer sentinela, só corrói
Quero cravo e canela, bixo de pé, me jogar no cipó

Já que dê reticências se faz esta vida, deixa-me ser menina
De saia rodada e, nada prendada, dançarina desastrada
Sem estética renomada,
Quisá apenas uma mulher encantada, na nostalgia de uma noite enluarada!




Homofobia nossa de cada dia ...


 Beijo gay em horário eleitoral causa polêmica em Santa Catarina

 O editor do "Jornal da Cidade", João Francisco da Silva, atacou duramente a iniciativa, usando sua coluna no periódico para expressar sua opinião sobre o episódio:

"Nojento aquele beijo gay exibido no programa eleitoral do Leonel Camasão, do PSOL. Tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o nariz à mesa. Gostaria de saber qual a necessidade de exibir suas preferências sexuais em público? Para mim isso é tara, psicopatia. No mínimo falta de decoro. E a "figura" quer ser prefeito e se diz jornalista", escreveu o editor.
Procurado pelo Vírgula Lifestyle, o candidato, que tem 26 anos e concorre pelo Psol, declarou que a ideia do beijo era marcar posição contra o preconceito e sair em defesa dos direitos da comunidade LGBT, além de promover o debate sobre o assunto. O mesmo vídeo já havia sido utilizado na campanha do partido em 2010. Após a publicação no jornal, Leonel Camasão entrou com um pedido à Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério Público de Santa Catarina para obter um direito de resposta. Segundo Camasão, os comentários são agressivos e vão contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) e o partido.

Leonel nos passou com exclusividade o comunicado oficial do Psol, que será publicado no "Jornal da Cidade" em seu direito de resposta:

O candidato Leonel Camasão lamenta a postura do Jornal da Cidade e do colunista João Francisco, ao publicarem grave ofensa na edição de 31 de agosto. De maneira leviana, João Francisco ataca não só a campanha e a figura de Leonel, mas também, a toda população LGBT de nossa cidade. O ataque gratuito é uma grave ofensa aos direitos humanos e ao Código de Ética dos Jornalistas. Repudiamos tal atitude. Ao contrário do insinuado, Leonel se formou em jornalismo em 2008, na segunda melhor escola de jornalismo do Sul do Brasil à época. Tomaremos todas as medidas legais para coibir essa nefasta e preconceituosa prática deste jornal.

Por telefone, João Francisco da Silva defendeu seu ponto de vista: “Não sou homofóbico, dois dos meus colunistas, que são meus amigos, são gays assumidos. Acho que os gays têm o direito de beijar como qualquer casal hétero, mas não quero que façam isso na minha sala. Um cara que é candidato, que deveria estar discutindo questões de importância para Joinville e para os cidadãos, fere meus valores, meus princípios, meu senso estético com esse tipo de propaganda. Isso foi usado como uma forma de agressão. Quem faz isso não está propondo que se discuta a questão do homossexualismo, nem o direito das minorias. Isso apenas me agride, agride a sociedade e até as pessoas que não têm nada contras os gays, mas que não querem um sujeito ‘cagando’ de porta aberta, nem assoando um nariz na toalha da mesa ou mesmo um casal hétero fazendo sexo no meio da sala quando bem entender. A própria Rede Globo está a três anos discutindo se exibe ou não um beijo gay na novela e até agora nada, pois sentem que a maioria da sociedade brasileira é contra”, disse em entrevista ao Vírgula Lifestyle.

Questionado se é a favor do casamento gay, o jornalista respondeu: “A legislação permite que eles se casem, eu não sou gay então não tenho que ser contra nem a favor. Aqui em Joinville temos um hábito de comer caranguejos, minha irmã de São Paulo veio pra cá e ficou com nojo. É um direito dela, eu gosto de caranguejo, ela não. Ela não tem que se adequar ao meu gosto”. Mas ela comeu para experimentar? “Sim, ela acabou experimentando e gostou”, disse o jornalista que não se considera um conservador.

João Francisco é avô de uma criança de dois anos e diante da possibilidade de que um dia o neto se revele homossexual, o jornalista declarou: “Tenho certeza de que ficaria muito infeliz, vai ser uma tristeza, mas eu o amo, não vou deixar de amar meu neto jamais, ele é meu sangue”, disse.
Reportagem retirada de Vírgula Lifestyle



E mais uma vez vem à tona a homofobia nossa de cada dia ...




Será que de fato estamos num retrocesso de valores? Ou realmente num avanço culturológico? Onde se põe o humano acima das questões religiosas ou até mesmo nas questões genéticas e seus processos evolutivos. Ponderando alguns aspectos da sociedade em geral; já que estamos numa nova geração e o significado desta palavra nada mais é do que uma nova descendência, com ciclo de mutações, sejam elas genéticas, culturais, sociais, e/ou sexuais.
Entretanto, ainda há muitas divergências que implicam no preconceito, por resquícios, talvez medievais, que consequenciam uma homofobia institucionalizada, ou seja, patrocinada por grande parte das igrejas e até mesmo o próprio Estado. Por mais moderno que o tema em foco - Homossexualidade pareça ser, ele sempre existiu, mas de forma natural em alguns países, principalmente na Antiguidade, período que na verdade nem havia um conceito para tal palavra; Aliás, a cerca de 10 mil anos atrás em algumas tribos, a homossexualidade era exercida como forma de ritual; algumas dessas tribos localizadas nas ilhas de Nova Guiné, Fenji e Salomão.
Ainda há muitas perguntas a serem discutidas e respondidas. Por exemplo, a criminalização da homofobia no Brasil; alguns divergem desta ideia, alegando que problemas sociais e ideológicos não se misturam com questões judiciais ou penais; acreditando que direitos penais e direitos humanos são como água e óleo. No entanto, esta mesma ideologia pode incorrer em consequências gravíssimas, sejam elas morais, físicas ou psicológicas. Então definitivamente, é de extrema importância termos uma jurisprudência eficaz que assegure os direitos LGBT.
Contudo, é perceptível que “achismos” preconceituosos não devem ser confundidos com liberdade de expressão, principalmente quando se refere a tão falada ética no jornalismo; por mais estranheza que aparente à alguns, há de se respeitar esta diferença se quisermos de fato vivermos numa coesão social, mesmo que ampliada e/ou modificada o conceito desta.


Maria Carolina F. Dutra

Paródia da “Canção do Exílio” - CPI do Cachoeira


Minha terra tem cachoeiras
Onde Carlinhos manda, sabiá não canta
As aves aqui não gorjeiam, mas fazem tchu e fazem tchá

Neste céu de subestrelas
Nós aqui, de espectadores
E a política, tão bem quista
Que a CPI já é esquecida
O povo quer saber é de Libertadores.

Em sonhar sozinho a noite, mais prazer encontro aonde?
Minha terra tem palmeiras
Tem Corinthians, tem a Copa
Onde engana e se forja

Minha terra tem primores
Que ainda encontro eu lá
Em cismar sozinho  a noite-
Mais se faz em questionar;
Porque minha terra tem cachoeiras
Onde não se deve nadar.


Não permita Deus que eu morra, sem que meu filhos saibam reivindicar.
Sem que desfrutem dos fatores que lhe farão respirar
Que conheçam a terra, a floresta e o mar.
Que aprendam a lutar ao invés de “twittar
Que ainda existam homens que saibam pensar e amar.






 Maria Carolina F. Dutra

Jornalismo x

  Apesar de muitos acreditarem que o papel do jornalista se limita a relatar e noticiar os acontecimentos, ou até mesmo os absurdos políticos que tem ocorrido, de forma imparcial e sem expor um questionamento; eu acredito que é quase impossível ser extremamente neutro, acho que se deve pensar muito antes de dizer algo, para não jogar palavras ao léu e acabar sendo leviano no que se diz; porém sinto necessidade de um jornalismo mais crítico e questionador, gosto do jornalismo ideológico, aliás pretendo trabalhar desta forma, se é que exista algum jornalista que não tenha sua ideologia.
 Escolhi o jornalismo como profissão, porque quero e sei que de uma maneira ou de outra irei ajudar o mundo, sei que parece muito clichê isso, mas considero de extrema importância divulgar as verdades que este sistema insiste em deixar debaixo do tapete, denunciar as barbáries e falhas políticas a nível internacional. Definitivamente precisamos de um jornalismo mais crítico e criterioso no Brasil, principalmente quando referem-se a fatos ou “achismos” que podem criar estigmas se não forem bem avaliados quanto a sua veracidade. 
 Fascina-me o jornalismo investigativo, acho muito honroso um jornalista, qual seja seu setor, ir atrás da verdade, no entanto, não utilizarei a tal frase: “custe o que custar “, porque não concordo, dá margem a outras interpretações; pois já vi alguns casos de jornalistas que se corromperam por “furos” jornalísticos, e não trouxeram a verdade de fato ao interesse público, e o fizeram sem qualidade, também confundido o investigativo com o sensacionalismo. 
 Sei que a mídia exerce um papel de muita importância atualmente, por isso sinto a necessidade de colocarmos a frente de nossa sociedade fatos relevantes e que dificilmente chegam a nós; então que a usemos com discernimento. 
 Aqui está uma inteligente frase dita por um importante e conhecido dramaturgo e jornalista Tcheco, que resume o meu pensamento: 
 “Eu ainda acredito que, se seu objetivo é mudar o mundo, o jornalismo é uma arma mais imediata de curto prazo”. – Tom Stoppard. 
  Por isso considero essencial, se não crucial que o jornalismo continue sendo uma profissão da qual se tenha um diploma, assim, acho que nos será dado o devido valor, já que a comunicação social em geral é um direito conquistado. E como dito antes temos de fazê-la de maneira prudente, pois como dizem, somos formadores de opinião. 

 Maria Carolina F. Dutra