Relatos de agressões reduzem, porém não demonstram a
realidade das mulheres da região
A violência tem se tornado cada dia mais comum na cidade de
São Paulo. Com um dos piores IDH’s (Índice de Desenvolvimento Humano) da
capital paulista, o bairro tem sofrido com os abusos de modo corriqueiro e
crescente, porém os números de denúncias e de agressões diminuem.
Apesar do estado de São Paulo estar bem qualificado no
âmbito nacional das pesquisas e o bairro de Guaianases ser um dos bairros com
menor índice de denúncias de agressões, isto não corresponde à realidade dos
fatos. Os eventos de agressão e violência contra mulheres, principalmente as
conjugais, não são delatadas por existirem vários fatores externos que não
permitem às agredidas de se sentirem à vontade ou seguras para que denunciem os
agressores.
Com isso, a própria população local fundou o Núcleo
de Defesa e Convivência da Mulher, fundado em 2004, após a morte da
moradora Viviane dos Santos, assassinada pelo marido. A coordenadora do centro,
Thathiane Goghi Ladeir, explica as atribuições do mesmo: “Oferecemos oficinas
para fortalecimento da auto-estima, geração de renda e promovemos ações
educativas que visam a combater preconceitos que legitimam a violência contra a
mulher”.
Maria Aparecida*(48) beneficiada e usuária
dos serviços prestados pelo centro, crê que o número de mulheres agredidas é
bem mais alto do que as estatísticas mostram: “Nós não sentimos confiança nas
autoridades e nem mesmo em instituições religiosas que não podem nos garantir a
segurança de não sermos agredidas, as meninas que estão aqui são “guerreiras”
em enfrentar a família e a própria comunidade”.
Pesquisas feitas pela ONU mostraram que, em todo mundo,
cerca de uma em cada três mulheres já sofreram algum tipo de violência
(conjugal, sexual, física e psicológica). Os dados no Brasil mostram que, em
trinta anos, o número de homicídios aumentou cerca de 217,6%, chegando a 4,1
homicídios para 100 mil mulheres brasileir
Com a criação da Lei Maria da Penha em
2007, o número de casos chegou a diminuir, mas após um ano voltou ao mesmo
número médio. O advogado Wagner Eduardo (37) acredita que a lei não é suficiente
para que a situação venha a se resolver: “A norma não é o único elemento capaz
de regular uma situação ou evento, outros fatores éticos, morais e
religiosos contribuem para
a pacificação social. Não necessariamente, mas predominantemente, a consecução
deste contexto necessita e reflete um mínimo de provimento de necessidades
sociais básicas”.
*Nome fictício.
Marcos Flavio Prado de Lima
200801950
200801950
Jornalismo 2ºB – d1
Guaianases em Foco
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